Na novela “Salve Jorge”, a protagonista Morena passou os quase sete meses de trama lidando com perrengues na Turquia. Na vida real, Ju Costa se viu na personagem vivida pela atriz Nanda Costa, durante o período em que morou no Azerbaijão, endereço do Lokomotiv Baku.
E os problemas começaram logo na chegada ao país. Sem dominar a língua local, a atacante do Sesi-SP teve dificuldade de comunicação com o técnico russo, que não falava inglês. As sessões de treinos, para sua surpresa, eram três vezes ao dia, sendo que a primeira delas, às 7h30, era feita em jejum.
“Foi bem complicado, uma situação bem difícil. Eu até falo para as pessoas pensarem muito bem antes de irem para lá. A cultura é bem diferente. Passei muitas coisas que nunca tinha passado na minha vida. Eu pensava: ‘o que eu estou fazendo aqui?’, revelou Ju Costa, nesta segunda-feira (17), durante a apresentação do Sesi-SP.
Vivendo em um país tão distinto do Brasil, a ponteira se surpreendeu com a forma de tratamento em relação às mulheres, sempre preteridas pelos homens. “Mulher lá não vale nada. Se você estiver na fila e chegar um homem, ele vai passar na sua frente”, relatou a brasileira.
Dentro do Lokomotiv Baku, a experiência também foi das piores. Ju Costa viu sua filha e mãe terem o visto azeri negado, após passarem as festas de fim de ano no Brasil. O clube também reteve o passaporte das jogadoras, impedindo que saíssem do Azerbaijão durante as folgas. Uma situação que só azedou a relação da brasileira com a direção do time.
“O presidente falou que tínhamos que nos preocupar em jogar, não com a nossa família. Eu falei: ‘olha, o senhor me desculpe, mas eu não vivo dessa maneira. Primeiro, é a minha família, depois é o meu trabalho’. O visto da minha mãe e filha não foi dado, eu fiquei com isso entalado na garganta e falei que não ia mais representar o time. Pedi para voltar.”
Ao todo, foram sete meses de experiência no Azerbaijão. Em meio a tantos problemas dentro e fora das quadras, a carioca regressou ao País três meses antes do término do contrato, o que lhe custou uma multa (o último salário não foi pago). E foi por pouco que a ponteira não acionou a CBV para ajudá-la do outro lado do mundo.
“Foram 20 dias de Morena no Azerbaijão. Para sair de lá foi terrível. Aconteceram várias coisinhas que me fizeram me perguntar se valia realmente a pena. E tudo isso faz você valorizar ainda mais o país onde você vive, as pessoas. Mais para o final, foram dias muito difíceis, que eu não desejo para ninguém.”
E tudo isso só serviu para dar mais força a Ju Costa, uma das novidades do Sesi-SP para 2013/14. Cheia de gás e disposta a apagar a experiência azeri da mente, a camisa 17 quer fazer história no elenco da Vila Leopoldina, que passou por uma grande reformulação para buscar o primeiro grande título de sua história.
“Estou muito feliz mesmo de voltar. Antes de ir para o Azerbaijão, eu treinei no Sesi-SP, conheci o Talmo, a comissão técnica... O grupo é muito bacana e muito forte, já joguei com a maioria das meninas. Sempre digo que estrelas individuais existem, mas elas brilham muito mais quando estão juntas. Acho que vamos construir essa força durante essa temporada.”
fonte: saqueviagem.com.br
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